terça-feira, 10 de janeiro de 2017

AQUELE QUE FALO COM DEUS

Hora do ócio, mas a mente não para de pensar, de viajar, de ser palavra. E por conta dessa sua eterna inquisição, deixo de abrir os sites da Amazon, La Republica e G1, para escancarar o word e encher a página branca. Uma tentativa vã de me esvaziar, de parar de ouvir frases, respostas para mensagens revisadas com mais empoderamento para meus sentimentos, versos soltos – que ganham brilho ao som de Norah Jones, Amy, Dido, Diana Krall, Elisa – vozes que me acalmam durante esse encarnar. 

Da tela branca eu pulo para o bloco de notas no celular, não tão atraente quanto o analógico, que mora na minha cabeceira com a missão de me salvar de noites insones: cheias de ansiosos parágrafos escritos pela alma. Alguns, às vezes doem a cada ponto e vírgula, mas é essencial traduzir-me, mesmo que não faça sentido e os lampejos voem soltos em busca de uma rima que justifique sua existência. 

Se o mar de sinônimos resolve me visitar sem convite, eu procuro ignorar, ligo a tv, vejo 1 ou 2 episódios de Supernatural, como uma fruta, lavo a louça e leio um capítulo de “Cem Anos de Solidão”. Mas de depois de tudo isso, se eu não deixar de ter essas sintaxes, eu apenas ajoelho e rezo. 

“Ciao, Dio! Antes de começar, eu queria agradecer por hoje: pela saúde, proteção e alegria da minha família, amigos e conhecidos. Te chamei a essa hora da madrugada, porque não consigo parar – de escrever textos inteiros dentro de mim. Preciso dormir, amanhã é preto na folhinha, não posso chegar com a cara de um zumbi de The Walking Dead. Tá certo que já tenho cara de Vandinha por natureza. Rsrs. Dai-me paz e serenidade, Por favor...Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome. Venha a nós o Vosso Reino.Seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.Amém!” 

Sempre funciona. Tanto que me pergunto: Por que não rezei antes de tentar a tv, o livro e a música? Não sei. Talvez seja teimosia, talvez vergonha de recorrer aos céus essa minha redundante desorientação para criar concordância entre o que o corpo precisa e as coisas do coração.