sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A MINHA PAZ

Às vésperas de completar 30 anos, me deparo com uma constatação simples, para não dizer banal. Não preciso de muito para ser/estar feliz. Basta apenas que eu esteja em paz. Um estado de espírito que em algumas situações foi uma ferramenta fundamental para que eu não desse um passo atrás - diante de tudo que havia conquistado - com muita teimosia, esforço e suor. 

Sinto-me velha, não nego. Considero esse momento um dilema e uma ótima oportunidade para repensar tudo à minha volta. Planos, hábitos, posturas, pessoas e palavras. Cada uma delas. Sinônimos, adjetivos, pronomes – e ofensas. Afinal, elas são uma categoria à parte que faz por merecer a introspecção, o cuidado e porque não, o alerta de perigo e a balança na minha cabeça. Pesam bem mais que as outras. Também doem mais. Às vezes, nunca param de doer. São do tipo que entram pelos ouvidos com a configuração de looping infinito. 

Estou pronta, eu penso. Mas paro, reflito e me pergunto: pra quê? Silencio. Sorrio e me respondo com palavras internas: pro que der e vier. Então a consciência assume o papel de grilo falante, assim como em ‘Pinóquio’. Fala em alto e bom som: você é a mesma menina que chegou aqui vislumbrada, a diferença que agora sabe onde mora a verdadeira delicadeza das coisas. 

Olho para o nada. Viajo por alguns segundos – reparando as imperfeições do teto branco. Penso na contagem regressiva para o Natal e em tudo que quero fazer com a família durante as férias. Volto, mas sigo degustando as palavras que a consciência me lançou com esmero. Concluo. Ela tem toda razão. 

Perco-me na geografia do meu caminho com alegria e ansiedade. Sei o que me espera. O que eu espero que esteja à minha espera daqui pra frente – inclusive as rugas que vão dando uma nova moldura para os meus olhos. Não quero perder nada. Cada detalhe, por menor que pareça aos olhos alheios, será importante hoje, amanhã e depois.