terça-feira, 13 de novembro de 2012

Eu quero um job!

Este texto é um desabafo, uma busca, um cartaz que faço de mim mesma com o objetivo de conquistar novas possibilidades de recolocação no mercado de trabalho de Sampa. Sinto-me na obrigação de avisar, mesmo que este blog seja pessoal e inteiramente voltado para meus feelings, anáforas, rimas e palavras justapostas de minhas desventuras em série na selva de pedra. Rsrsrs. 

Bom, se você chegou a este parágrafo é porque decidiu continuar. Eu agradeço e ressalto: um dia devolverei esse tempinho que está me emprestando. Acredito que, de alguma forma, você poderá me ajudar. Seja compartilhando vagas, encaminhando meu portifólio para seus contatos ou ainda enviando energias positivas e desejando-me boa sorte. 

Eu quero um job. E se possível, o quanto antes. Antes do findar de 2012, antes que minhas contas acumuladas me levem de volta para minha cidade natal ou qualquer outra que pareça promissora aos meus olhos. Antes que o desespero e a paciência não apenas comecem a falar mais alto, mas também, a gritar - minimizando o nível de persistência e elevando o da impulsividade. 

Eu quero um job. Porque, infelizmente, estou passando por uma fase delicada na agência em que trabalho. Não, não fiz nada de errado, acredite. Sou uma boa garota. A questão é bem mais prática e envolve dinheiro, fornecedores e demanda. Ambos concentrados em uma escala negativa. 

Eu quero um job. É pedir muito? Eu acho que não. Só queria poder fazer parte de uma grande agência ou meio de comunicação, especialmente, dos voltados para o universo digital - pelo qual tenho grande paixão e incessante interesse. 

Eu quero um job. De preferência, em redação ou social media. Por que essas duas áreas? Porque, na era em que vivemos, elas nunca estiveram tão conectadas. São complementares. São una. Você não concorda? 

Eu quero um job. Porque não quero comemorar apenas 2 anos em Sampa, mas sim, 3, 10, 20 anos de inúmeras experiências, de projetos em ação, de grandes parcerias de conhecimento, de novos amigos, de novos saberes, de uma carreira estável em uma empresa que eu possa me dedicar totalmente ao desenvolvimento de idéias e soluções inteligentes. 

Eu quero um job. Se você souber de alguma vaga, por favor, me avise. O meu email é: juliana.talala@hotmail.com e aqui vão alguns links que podem ajudar:
Portifa: issuu.com/julianatalala/docs/f_lio_juliana_talala 
Este é um dos meus jobs atuais:http://www.brasilrumo2016.com.br/
Meu blog: miscelaneaju.blogspot.com.br/ 
Twitter: twitter.com/Juliana_Talala 
Linkedin: br.linkedin.com/in/julianatalala 

Conto com você!

Abraços ;)

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Quase 30

No dia 25 de dezembro eu completo mais um ano. O vigésimo nono de uma nada mole vida. Quase 30, eu penso. Reflito. Deprimo. Choro. Mas, me safo de um mar de porquês inventando uma desculpa qualquer - do tipo: “Foi um cisco”, “O filme é muito triste”, “Estou na tpm”. E se insistem... Só me resta justificar o vermelho amargo dos meus olhos com suspiro e uma frase de efeito: “Cest La vie”. La mia vita. Que poderia ser um pouco mais dolce comigo e com as metas que fixei na parede com post-it’s para enfeitar a kit e preencher cada centímetro da minha alma.

Quase 30, eu lamento. Afinal, ainda tenho muito para viver. Tenho um livro para escrever. Um filho para ter. Uma Itália para conhecer. Uma carreira para estabilizar. Um prêmio Jabuti para ganhar. Alguns amigos para amar, outros para reconhecer. Uma família para curtir. Músicas para descobrir. Um encanto para criar.

Quase 30. Um mantra toca na minha cabeça em looping e revela o peso dessa idade, que aos meus olhos ganha a cor de um ultimato. Não sou jovem, nem sou velha e ainda tenho muito que fazer. Ainda não estou onde deveria estar. Não conquistei nem mesmo 1/3 de tudo que desejo.

Quase 30. Uma visita cruel do tempo. Deixo-me intimidar com os ponteiros apressados, com as rugas nas quinas dos meus olhos e com o cansaço que chega para me derrubar antes mesmo de alcançar o alto da escada, da ladeira e do céu, evitando que eu segure as estrelas. Mas não perco a fé, a alegria, muito menos a serenidade, que vem sempre para proteger minha mente de um insano descompasso.

Quase 30. Um balanço que pede urgência na soma de conquistas, na divisão de metas e na subtração de mágoas e tristezas. Pede que eu reconsidere o 8 ou 80. Mas eu deixo essa questão para depois. Tenho pressa. Atropelo o sono. Sinto sede de palavras, de feedbacks, de boas notícias e de bem-querer. Mas o atendimento preferencial é dado à sede de esquecimento.

Quase 30. Um destino certo para a geografia do meu caminho. Dizem que não é bom fazer escala. Um ano passa rápido. O melhor a fazer é me exercer com intensa verdade.

Quase 30. E daí? A sede de esquecimento é morta para dizer que isso é só na teoria. Na prática eu tenho 25. Na balada menos de 18. Preciso sempre levar a identidade a tira colo. Não me incomodo. Isso serve para massagear o ego.

Opa! Deveria me lembrar disso com mais frequência, de preferência, quando o peso dessa idade lota minha noite e me deixa insone. O pavor é inevitável, não nego. O que posso fazer é aceitar e correr atrás para tirar o atraso das metas e realizações antes que 2013 finde. Bom, isso se o mundo não acabar antes. ;)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Um pedido pra tudo

Cabeça vazia pede palavra
Mente ociosa pede ocupação
Dedos atrofiados desejam movimento
O coração vazio clama por amor
O corpo sozinho evoca carinho

A casa fechada pede luz,
Pede flor, pede cor, pede som

O dia cinza não pede, repele

O canto desesperado pede afinação
O grafite descascado chama uma nova demão
Os ponteiros apressados não pedem nada, além de pressa
O conto pede um ponto,

A melancolia não pede, dá,
A Saudade pede,
E como pede
Pede colo,
Pede afago, pede cheiro, pede beijo
Pede que a abrace

Tudo pede nada
Nada pede tudo
O todo ainda tá na dúvida,
Se pedir ou dar,
Se clamar ou chamar

Sente o vento,
A cor do tempo,
O Vão entre os dedos,
O tilintar dos medos,
A púrpura coragem,
E a alegria insana

Pede, pede, pede bis
Pede, pede, pede cais
Pede canto
Pede copo
Pede paz.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ju para os íntimos

Meu nome é Juliana, mas me chamam de Ju. Prefiro que seja assim. Soa mais sincero, livre de cerimônias ou formalidades. As dispenso, sempre que posso. No tempo em que vivemos, elas viram um fardo. Um pacote flácido que é jogado sob a mesa com rancor. Um adicional que ganha o caráter fake – em todas as plataformas. Acredite! 

Ops! Agora que me dei conta que essa introdução ficou a cara do ‘Doce veneno de escorpião’. Brincadeiras à parte, o livro parece ser interessante – dizem. Não o li. Mas o assunto aqui é outro: meu nome e como - de fato - gosto de ser chamada por amigos, pessoas queridas, familiares e colegas de trabalho. 

Ju. Simples assim. E sem acento – pelo amor de Deus. Apesar de muitos duvidarem, monossílabo terminado em U não se acentua. Então, Ju não se acentua, não se atenua, não se aumenta, não se estica, não se prolonga. São apenas duas letrinhas. Pronunciáveis em qualquer língua, até mesmo na dos bebês. 

Aí vai uma dica: Na maioria das vezes - esse login diminuto dá acesso imediato ao mundo dos favoritos, onde as reações a pedidos de like, refações de Jobs ou mudanças de planos para o fim de semana são armazenadas com mais carinho e compreensão – que as demais. 

Em outras, ele ganha vida própria e se disfarça de pronome para deixar aquela bronca áspera com toque de veludo, a solicitação de help bem mais atrativa, a D.R mais próxima do fim – quando se deseja uma resolução, um abração. Deixa também cartões de boas festas mais leves, fato. Afinal, você economiza caracteres para o ‘Eu te amo’, ‘Tudo de Bom’ e ‘Feliz Aniversário’. 

Aos que insistem em usar Juliana – saibam – isso me provoca coceira e uma louca vontade de perguntar: Nunca disseram que ‘liana’ não é um complemento, mas quase um sobrenome? E que cabe – apenas - na boca de quem não tenho intimidade? Ou seja, com quem troco apenas oi e tchau, com quem o contato não vai além de um RT, de quem conheço uma única expressão – a de seu avatar. 

Por isso confesso – toda vez que um(a) amigo(a) me chama de Juliana – ao vivo, por sms ou DM, já sei que é um prelúdio para más notícias, uma bronca, uma mágoa, uma tomada de distância. Um ‘brochante’ quando vem da boca de um boy magia. Um ‘reclame’ ao ser pronunciado pelos meus pais – que sempre o usam para chamar minha atenção quando pareço mais magra que de costume. Um ‘decreto’ se vem das bambinas Laura e Rafa. Sei lá, elas têm 9 e 5 anos, mas quando dizem: "Ooo, Juliana, vem cá", fica estranho. Parece que me transformo em um pinguim que não consegue sair do lugar por tentar – sem sucesso – carregar a cerimônia nas costas. Mas o pobre não tem dedos, então a arrasta pela boca e a joga nos pés de quem a criou – desnecessariamente. 

Então peço – usem e abusem do Ju e suas variáveis: Jubs, Juba, Jujuba, etc. É fácil, prático, economiza sílabas e, o mais importante, me faz mais feliz.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Pergunta que não quer calar

O que devemos fazer quando não podemos mais calar a voz que vem de dentro? Aquela velha voz que ressoa toda vez que somos abatidos pela angústia? Que ecoa quando somos intimidados pela doce realidade sempre preferimos cultivar esperança, apesar de todas as intempéries? Que afina em suspiros sustenidos ao levarmos uma surra da saudade e de suas irmãs, a nostalgia e a melancolia? 

É difícil saber ao certo o que fazer, o que sentir, o que pensar. Tudo que se enxerga é inércia. Uma imensidão inerte de palavras póstumas. Palavras que morreram por aborto, quando – por ignorância ou receio - as prendemos entre os dentes. Palavras que se mataram ao verem o abismo que as esperam. Adjetivos que se perderam pelo caminho ao serem ditos com falsidade. Pronomes que seguem desaparecidos depois que as gírias chegaram para simplificar a comunicação on-line e dar vida a quem vivia na mudez estática. 

Não existe um manual de instruções. Simplesmente fazemos aquilo que achamos ser o certo. Isso, quando ele surge com toda sua sabedoria e nos aconselha - com um sussurro - o próximo passo. Seja esquecer, perdoar, superar, perseverar ou vencer. Ele, o coração, sempre sabe o que fazer. Mesmo que a mente diga o contrário. Ela vive em conflito por sua racional abstração de ser a razão e não o sentimento. 

Mas antes surge a introspecção para velar o tom desse espetáculo interno, como se fosse um ensaio. E nessa passagem de som que - às vezes - leva dias, semanas, meses, anos - descobrimos o ritmo natural das coisas, pessoas, fatos e por que não, da vida. Da nossa vida, da vida alheia, do conjunto total dessa renascença que é o amanhã. 

Depois vem a dúvida: De que maneira podemos soltar essa voz? Com um monólogo sereno no espelho? Uma oração sincera antes de dormir? Um diálogo prático com o que/quem vem alimentando a angústia? Um briefing para si, para esquecer tudo e se colocar pronto(a) para outra, seja lá o que esteja por vir? 

Essa é a vida. É assim que funciona. É assim que nossa maturidade chega para dar boas-vindas para as próximas vozes loucas, estranhas, tímidas, sofridas ou não. Resta-nos torcer para que elas façam um show, sim. Mas de emoções positivas, de razões práticas, de impasses desafiadores, de adjetivos que nos arranquem sorrisos só de pensarmos em usá-los, de expressões que nos inflam – como o ‘Eu te amo’. E façamos desse festival introspectivo – um repertório eclético que nos permita crescer, sempre – acima de qualquer coisa. Afinal, o show não pode parar.

Chuva, Rain, Pioggia

Traga-me boas novas
Antes que eu comece a chover
De dentro para fora
Pingos salinizados de angústia

Não
Não quero tempestade
Apenas seu sopro
Melancólico e sustenido

Mas que antes
Os bons ventos
Tragam-me a paz.

[Ju Talala]

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Um calmante chamado Elisa


Antes de você começar a ler esse texto, eu peço que assista ao vídeo a seguir - de preferência com fones de ouvido. Eles sempre valorizam acordes como estes e servem como um verdadeiro passaporte, que nos permite viajar por cada uma das palavras cifradas - como se elas fossem um lugar especial à nossa espera. 

 

Pronto. 
Agora você já foi apresentado(a) à Elisa Toffoli. Uma das cantoras e compositoras mais respeitadas e queridas da Itália. Descobri sua música por acaso, ao assistir vídeos da sua participação no ‘Amiche per L’Abruzzo’, em 2010. 

De lá para cá ela deixou de ser um mero acaso que encontrei no youtube e se tornou uma companhia constante. Seja no trabalho, na rua, no supermercado, no ‘vai e vem’ de sacolas, cheiro de óleo velho e ofertas gritadas da frenética feirinha de domingo, a caminho do cinema ou durante viagens para minha terrinha. 

E conforme o tempo foi passando, eu fui mergulhando aos poucos em seu universo. Conheci a história de uma doce menina introspectiva, que um belo dia decidiu mostrar todo o seu talento para o mundo, através da sua poesia e música. O resultado é uma linda discografia que reúne álbuns em inglês, em italiano, e também, trilhas sonoras. Ambos - consistentes, criativos e extremamente leves. 

Assim, ela passou de uma feliz descoberta musical que me acompanhava por onde quer que eu fosse – e tornou-se uma amiga. E a serenidade presente nos acordes dessa nova amiga tem sido o meu melhor calmante. Especialmente, naqueles dias em que me falta paz, em que a paciência escorre pelos dedos ou em que a solidão resolve ser indelicada ao entrar sem ser convidada, e o pior, quando ela insiste em ficar e estabelecer um monólogo melancólico.

Hoje, a delicadeza da sua voz me salva e embala meu sono. Livrando-me de passar horas insone - pensando na vida, na que venho levando aqui na selva de pedra e que tem desafiado todos os meus limites. Mas que também – vem para reforçar meus sonhos, planos, valores e, acima de tudo, minha paixão pelas palavras. 

Recomendo Elisa para todos e, em especial, para os que buscam ou têm um mundinho próprio para se refugiarem dos ruídos da cidade, das angústias mudas, saudades analógicas e dores incógnitas. Buona Elisa per te. Baci \o/ http://www.elisatoffoli.com

A Geração do "Tudo é Pra Ontem"

 Vivemos o hoje em ritmo de ontem, para que amanhã traga as respostas que procuramos

Este artigo é inteiramente sobre mim, mais uma personagem desta agitada geração que recebeu o apelido de Y. Aviso na primeira linha, que é para nenhum leitor reclamar que estava desavisado. Se achar que não vale a pena, pode parar por aqui e pular para outro texto. 

Desde 2009, eu sou inundada com informações sobre a geração Y. Não sabia que eu fazia parte dela e muito menos o porquê dela se chamar assim. Descobri em outubro deste mesmo ano. Uma pesquisa de ambiência e comportamento realizada por Neire Castilho (Diretora da agência Futura Comunicação) apontou a geração que cada um dos colaboradores pertencia. 

Não tinha nenhum veterano, geração dos nascidos entre 1922 e 1945 e que cresceram no período das guerras sob educação rígida e conservadora. Ainda bem, ou teríamos conflitos pelas diversidades de posturas. A geração Boomers, dos nascidos entre 1945 e 1965 e caracterizados pela valorização do status e crescimento revelou uma personagem. Já a geração X, daqueles que nasceram entre 1965 e 1977, tinha os gestores e um atendimento como representantes. A geração Y, dos nascidos entre 1977 e 2000, foi representada por 8 colaboradores, todos membros da célula criativa. 

O fato ilustra em números que a presença da geração Y no mercado, principalmente da comunicação, é acentuada, e tem provocado mudanças profundas no ambiente corporativo, por causa seu imediatismo que, infelizmente, ainda é visto somente como ambição para alcançar o rápido crescimento profissional, sem vestir a camisa da empresa. 

Mitos e percepções à parte, a geração Y é uma geração como as outras, influenciada por um contexto socioeconômico e cultural. Mas que teve a sorte de não nascer em um período de guerras, entre costumes conservadores, vetos da censura de líderes ditadores e quando as novas tecnologias não passavam de delírios de cientistas e pesquisadores. 

Depois de entender um pouco sobre a minha geração, tomando conhecimento das percepções positivas e negativas das empresas e de todas as características que traçam o perfil do jovem Y, eu também pude me conhecer melhor e reavaliar todas as minhas experiências profissionais. 

Percebi que não deveria em momento algum, colocar os jovens Y como os injustiçados e os empregadores, gestores e diretores como os lobos maus da história. Todos nós estamos no mesmo conto. Ou seja, tanto o jovem quanto as empresas, buscam empreender pra alcançar o crescimento rápido e assim conquistar potencial competitivo para acompanhar as mudanças e exigências do mercado. 

O X, ou melhor, o Y da questão está em desmistificarmos nossos anseios e provarmos que somos imediatistas sim, mas não ignorantes ao ponto de colocarmos em risco nossa segurança. Alias, segurança é o que mais buscamos. Vivemos o hoje em ritmo de ontem, para que amanhã traga as respostas que procuramos. Por isso, acho que esse nome Y não combina com a gente. O melhor seria se nossa geração se chamasse geração feedback.

[Artigo escrito em 2011 para http://www.waleskafarias.com/]

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Um instante de papo interno

Faz frio aqui,
Me perdoe

Soltei palavras no vento, 
Tentei recuperá-las 
Mas era tarde demais,

Tarde demais pra mudar 
O sentido da história, 
O orgulho ferido, 
A mágoa no peito, 
O coração em sinapse

Mas vai passar… 

Como toda dor, 
Desespero, 
Ansiedade, 
Medo, 
Fraqueza, 
Insônia, 
E introspecção

Vai passar...

É isso me basta, 
Me sustenta,
Me mantém de pé.

[Ju Talala]

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Avesso da convergência

Sinto as palavras escorrerem entre os dedos,
Nuas,
Imploram por sinônimos, 
Adjetivos,
Pontos e virgulas que as protejam
De toda essa digital projeção humana

Tentam fugir
É inútil

São lançadas ao vento
Uma maldição antiga
Impossível reverter 
Sem encanto.

[Ju Talala]

Domadora de palavras

O traço segue, marca, cintila
Palavras ácidas ganham meus ouvidos
Suspiro per un attimo
É pouco, 
Pouco para o muito que eu quero

Notas embalam os pensamentos
A mente voa, 
O corpo padece, 
O coração lamenta
Introspecção serena

Uma fuga, um alento, um mundo próprio, 
Terra do nunca, vie de Amélie, País das Maravilhas
Tudo pode acontecer...
...Volto

Críticas, indagações, complexidades 
Sinopse de uma domadora de palavras
Incompreendida, taxada, posta à prova 
Todo dia 
A cada contato, 
Face estranha, 
Selva de pedra

Dói , corroí, destrói 

Ditongos clássicos de uma guerra 
Mais externa…que interna
Luz, paz, compreensão 
Busca sem fim 
Até o fim 
Do ensaio, 
Do acento sintático
Chamado Ju Talala

[Ju Talala]

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Eu cansei...

Sinto que cansei 
De tentar entender 
Coisas, situações e pessoas 
Complexas, abstratas, sintéticas. 

Cansei de desperdiçar neurônios 
Medindo cada centímetro das ausências, 
E dos porquês 
Desta vida placebo, 
Que insiste em dar vida às 
Angústias mudas, 
Saudades analógicas, 
E dores incógnitas. 

Cansei de tanto argumento sintático 
Para sentimentos simples, 
De complicações tão inteligentes 
Para não ver, não ter, não ir, não ser, não estar onde se quer 
Estar VeRaMenTe 

De verdades não ditas com o coração, 
De verdades ditas no impulso, 
Na coragem momentânea de aditivos 
Cansei… 

Cansei de me cansar, 
De me enganar, 
De sempre acreditar, 
De esperar o melhor, 
Apesar de tudo.

Cansei… 
De relações de via única. 
De criticas “nada” positivas 
De subestimarem 
Meu potencial, meu querer, meu ser, meu eu 
Mais sincero, nobre e sereno. 
Cansei… 
De uma vez por todas.

[Ju Talala]

Substantivos de uma fábula incompreendida

Me perco nesse espaço
De meias palavras, 
Sintaxes, 
Sinônimos

De uma vida que desconheço, 
Ao menos não reconheço 
Por abstrair 
Todos, cada um, dos 
Antônimos latentes que fogem do mundo 
Que cultivo com anáforas, 
Substantivos estáticos, 
Um lampejo contido, 
Privado, 
Da liberdade 
De escolher 
Se sim ou se não 
Estar perto, 
Falar, 
Sorrir, 
Fazer sala, 
Desejando estar no quarto 
Sono, 
Ou ainda… 
Em uma viagem paralela, 
Onde não precise representar 
I’m sorry
Esse não é o meu dom.

[Ju Talala]

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Lá vem ela

Lá vem ela
Com uma sintaxe no encalço
Em busca de espaço para conquistar braços

Lá vem ela
Uma paráfrase disfarçada de antítese 
Louca por um laço
Que amarre os sonhos seus

Lá vem ela
Uma menina com corpo de mulher
Mulher flor
Um adjetivo a se encontrar 
Nos mais belos jardins e lapelas

Lá vem ela
Mulher com alma de menina
Sinônimo de beleza e pureza divina

Lá vai ela
Leva junto alguns gerúndios
E curtindo vai,
Descobrindo vai
Como a vida é boa

Ela vai e se encanta
Com tudo, consigo e com sua Terra do Nunca
Um paradoxo a ser copiado por aí.

[Letra de música - Ju Talala]


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Antes de 'A vida que ninguém vê'

'A vida que ninguém vê' é uma fábula da vida real que comecei a ler antes mesmo de sentir frisson em ter adquirido um livro da Eliane Brum. Uma escritora que não é apenas detentora de mais de 40 prêmios e referência para todo jornalista, redator, aprendiz de escritor e pessoa que possui fascínio pela literatura do cotidiano e dos fantásticos anônimos, que se fazem mais interessantes que os famosos. Mas também, por ela ser um retrato delicado da palavra gente. 

Comecei a ler 'A Vida que ninguém vê' antes mesmo de tê-lo em minhas mãos e sentir o seu cheiro de papel novo misturado com o da tinta gráfica. Comecei no dia que desejei descobrir todos os heróis, as rainhas e os pequenos desbravadores da realidade, e passei a imaginá-los sob o olhar sincero que Eliane tem e usa para revelar cada uma das histórias que ela começa a escrever dentro dela, antes mesmo de conhecer os personagens. 

Li. Parei. Pensei. Refleti os sinônimos presentes no mundo de Frida, na coragem de Camila, na fibra de David Dubin e no doce, e jamais esquecido, sonho de Adail. Voltei a ler. Não conseguia parar. Queria apenas sentir e imaginar cada uma destas histórias épicas que passam por nós todos os dias, sem percebermos. Por que? Estamos ocupados demais com outras histórias. Às vezes superficiais. Às vezes peças em palcos virtuais. 

Viajei e não voltei mais. Nem mesmo quando alcancei a página 200, a última do livro e o começo de uma história que ninguém vê dentro de mim. Uma reedição de valores e ideias que me fará ver como ninguém as vidas que antes apenas brincava de imaginar como seriam através da criatividade dos olhos meus e que agora, ganham outros tons, outras vidas.

No laço

Cravo um fato insano no cuore
Fito um sentido plano na mente
Tranco um attimo de paz entre os dedos
Arranco um naco de serenidades dos acordes seus,

Seus,
Meu adorado Chico
Ou minha serena Norah,
Pra ver se ainda alcanço
Aqueles antigos sonhos meus.

Ainda dá tempo.
Eu penso.

[Ju Talala]

Um papo com Paschoal Fabra Neto

É interessante perceber as mudanças do mercado publicitário e com que velocidade elas se dão e transformam comportamentos, técnicas e plataformas de interação. Há 5 atrás entrevistei o publicitário Paschoal Fabra Neto - que de forma objetiva - apresentou previsões para o futuro da publicidade e propaganda. Confira a entrevista e veja se ele acertou algumas delas.




Um papo com Paschoal Fabra Neto

O publicitário Pascoal Fabra Neto, sócio da renomada agência de publicidade e propaganda Fabra Quinteiro e detentor de amplo know how em comunicação e comportamento do consumidor, bateu um papo sobre o poder da linguagem publicitária na formação dos comportamentos e sua importância como ferramenta para compreender as transformações sociais. Confira ai o resultado. 

Há muitos anos, pesquisadores de diversas áreas procuram compreender a linguagem que a publicidade aplica para conquistar, persuadir, vender, personificar e atender às necessidades e aos desejos que a sociedade desenvolve. Mas, quais seriam os verdadeiros segredos desta retórica de consumo? 
Fabra: Não existe um segredo. Existem bons produtos. Se uma empresa tem algo bacana pra oferecer para a sociedade, ela não precisa ser convencida ou persuadida. Hoje em dia a empresa precisa ser lembrada, precisa criar um laço com o consumidor, de valores, de postura, enfim, do que importa ao consumidor. Cada pessoa quer uma coisa. As empresas precisam entender que tipo de produtos as pessoas querem e que tipo de empresas elas querem. E a publicidade ser parte disso, comunicando com verdade e pertinência de maneiras interessantes pra que essa mensagem não se perder no meio das milhares de coisas a que somos expostos diariamente. 

A linguagem publicitária tem acompanhado toda a evolução da sociedade. Poderia ser ela um termômetro para medir as transformações, principalmente as de elevada relevância, a exemplo, a ascensão do sexo feminino sobre os antigos valores da sociedade? 
Fabra: É exatamente o que eu disse antes. Há alguns anos os produtos vendidos para mulheres eram ligados principalmente à beleza, à casa. Hoje podem ser carros, eletrônicos, bancos. A mulher mudou, as empresas acompanharam isso e a publicidade também. É interessante que a publicidade se antecipe e consiga detectar isso antes. Assim ela também pode ser um agente transformador dentro das empresas e não só reagir a ondas de comportamento. Hoje em dia está muito na moda falar em tendência, mas a verdade é que esse papel da agência sempre existiu. A publicidade reflete essas mudanças falando sobre temas que não falava antes como sustentabilidade, interatividade com o consumidor, enfim, ela evolui e tenta se antecipar a essas mudanças do consumidor. 

A propaganda pauta nossas conversas, a decoração de nossas casas, a qualidade do que comemos, o que vestimos, o que ouvimos e lemos. Daqui 5 anos, qual será o poder que a propaganda terá em nossas vidas? 
Fabra: Existe uma supervalorização sobre o impacto que a propaganda tem em nossas vidas. Acho que o impacto maior é na vida das empresas. Daqui a 5 anos o consumidor poderá participar mais ainda na criação de conteúdos, na escolha do que consome em termos de mídia. E ele será um agente importante da publicidade. Hoje vemos as marcas mais comentadas do Twitter, com Starbucks na primeira colocação. Isso não é programado, incentivado, é espontâneo. Mas também é resultado da construção dessa marca, da experiência que os consumidores tem com ela. Desde a marca, o ambiente das lojas, o produto, a comunicação que ela faz, os funcionários e a relação deles com o consumidor, as mídias onde ela aparece, como aparece. Tudo isso determina a relação desse consumidor com a marca. E a publicidade vai continuar tendo uma importância grande e sempre será relevante nesse processo. As empresas que enxergam isso são líderes pois enxergam todo o processo como parte da sua comunicação.

É nisso que dá competir com o Deus da criação

É. Como diz Adilson Xavier em seu livro “ O Deus da Criação“, não dá pra competir com Jesus. Um sujeito que usou apenas a sua oratória como ferramenta para prospectar a fé de milhões e milhões pessoas e que juntou uma reta horizontal a uma reta vertical e formou a logo de maior penetração e memorização da história da humanidade. 

Mas eu, muito teimosa, como toda capricorniana, fui aprender isso depois de um longo tempo. Em outras palavras, somente depois de comemorar vinte e tantos aniversários sozinha e de perder a atenção dos colegas de trabalho, família e amigos diante de um insight, uma idéia e uma notícia para questões de maior divindade e polêmica como a tal da reencarnação e a legitimidade da Bíblia. 

E por mais que eu tentasse manter o foco, a pauta era sempre a mesma no happy hour, na reunião de criação e no intervalo, onde as discussões se tornavam verdadeiras batalhas com direito a mediador e a defesa. E eu como sempre, vencida, mostrava indiferença sobre estas questões e saía à francesa. Em meus aniversários tudo era um pouco pior. Mas esta é uma história que começou há muitos anos atrás, bem antes mesmo de lançar a minha alma em um novo formato. 

Lá em cima, onde eu já argumentava o processo que controlava os departamentos do Reino dos Céus, a minha Sina com o Diretor de Criação da Terra começou a ser rafiada. Mas tudo o que queria mesmo era entender os porquês de certas coisas, como: a hierarquia do reino, o sexo dos anjos, a reencarnação, e é claro, os princípios e as técnicas publicitárias utilizadas por Jesus para propagar os seus ensinamentos e valores. 

Sem receber um feedback que pudesse eliminar as minhas dúvidas fui encaminhada para o departamento de shirinque, onde minha alma seria anexada a um corpo, que para meu azar nasceria em 25 de dezembro. Ou seja, durante toda minha vida N° 5, eu teria que competir a atenção de meus entes queridos, até então desconhecidos, com O Todo Poderoso. 

E assim foi, ano após ano. Chegava o Natal e a Sina me acompanhava de três formas; a sina de um único presente, a sina do esquecimento e a sina do tempo ruim. Mas para o Natal deste ano eu planejei comemorar o meu aniversário um dia depois, assim, não teria que competir diretamente com o Senhor de todos os insights

Mas me enganei. O clima do Natal ainda dominava a imaginação e as ações dos meus convidados, sem falar na chuva que não parou desde o dia 19. O que me fez pensar até mesmo em criar uma arca tipo a do Noé, mas bem estilizada com degradês e vetores. Assim, teria sentados à aquela mesa todos os meus amigos e irmãos de mercado, e ainda podia ajudar a população quando houvesse enchente, um fato de praxe em nossa cidade. Mas, isso não passava de um delírio para lá de intangível. 

Após o dia da sina veio então o dia da revolta. E debaixo de chuva convoquei uma reunião imediata com Top of the Tops. A ira era tanta que podia sentir o pulsar de meu coração nas pontas de meus dedos. E assim que senti a presença dele anunciei aos quatro ventos a minha insatisfação e o perguntei: - Porque isso tudo? Qual é o seu problema comigo? - Eu precisava de tão pouco para ficar feliz naquele dia. - O que custava você fechar a torneira do céu e dar uma pausa nesta maldito dilúvio?

Senti então que a chuva ficou mais branda e uma rajada de vento tocou a minha face. Não tive resposta ou talvez não entendi a mensagem que transmitiu pelos sinais da natureza. Então, veio a reflexão, e a lição enfim foi compreendida. 

Em 2009 vou elaborar estratégias mais específicas. Mas, depois de fazer uma pesquisa para verificar a consolidação do meu público-alvo, de avaliar os indicadores climáticos no dia da ação e as probabilidades adversas. Afinal como já vimos, é difícil concorrer com o Deus da Criação. Mas, não é impossível quando se tem em mãos um plano de ações bem formatado.

[Crônica escrita em 12/2008]

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Já não mais

Já não cabem em mim
Certas incertezas
Sobre o hoje e o amanhã
Abstraio

Já não cabem em mim 
Velhos medos
Que conservavam 
Minha inocência

Já não cabe em mim 
Tanta paura
Antes parecer louca
Ou incompreendida
A perder a voz nesse teatro
Chamado vida

Já não cabe em mim
Tanta boa vontade
Seria mais fácil se eu tivesse o poder
De arrumar a bagunça dos outros

Já não cabem em mim
Feridas flageladas
Não se carrega mágoa
Não é assim que dizem os mais velhos?

Já não cabem em mim
Tantos silêncios
Vou falar sim
Tudo que me der na telha
Se não doer em você
Vai dor em mim
Pode ter certeza.

[Letra de música - Ju Talala]

Memórias essenciais do mundo corporativo

Minhas experiências profissionais precisam de backup e do desapego para esquecer as cicatrizes

Este texto é sobre minhas desventuras no mercado trabalho. Sinto-me na obrigação de avisar para que não perca tempo com as cicatrizes alheias e possa voltar a sentir as suas cutucarem o peito, em protesto – para que você fale, compartilhe, desabafe e deixe de andar sob a sombra das lembranças e fatos que assombram sua rotina corporativa e, talvez, sua paz interior. 

Desde que entrei no mercado de trabalho, eu sonho em ser uma grande profissional. Não sabia ao certo como faria para alcançar essa meta, além é claro, da graduação em Comunicação Social – habilitação em Jornalismo, de cursos de aperfeiçoamento e da prática. E sendo uma jovem da geração Y, tempo foi, e ainda é, muito importante para que essa meta fique sempre à um passo da realidade e à uma légua de distância da ambição mal planejada e, às vezes, desenfreada. 

A primeira estratégia foi viajar pelas vias do meu eu. E lá dentro do meu mundo interior, eu deveria escolher – escutar o coração e investir no talento com as palavras e a paixão pela criativa arte da publicidade ou optar pelo caminho comum e travar batalhas contra egos, algozes, donzelas e dragões alimentados por interesses e vaidades para um dia ser âncora de um telejornal do horário nobre da TV aberta. Detalhe: essa era minha visão do jornalismo há quatro anos atrás. Hoje a percepção é outra, bem mais inteligente.

Escolhi a primeira opção: as palavras e a paixão. Afinal, como diria Confúcio, que de “Confúcio” só tem o nome – “Escolha um trabalho que você ame e não terá de trabalhar um único dia de sua vida”. E acredite, isso é possível. Mesmo diante do atual contexto em que vivemos. A competitividade, o compromisso com as necessidades básicas, as grandes ofertas e o plano de carreira dos sonhos podem influenciar, não nego. Mas jamais corrompa essa escolha quando ela passa a fazer parte de você.

A segunda estratégia foi descobrir em que direção os bons ventos do mercado sopravam. E eu me surpreendi ao perceber que os ventos vinham em minha direção, trazendo, entre outras coisas, um novo desafio. Decidi aceitar. Não sou de desistir. Faço o tipo determinada, forte e convicta. Mas não por pose social. Eu sou assim: oito ou oitenta. E acredito que deste modo, eu consigo espantar a “dúvida” o “medo” e a “insegurança”.

Correr riscos é imprescindível. Não há como conquistar oportunidades e tirar lições de vida sem antes arriscar. Não é fácil. E se fosse não teria a menor graça. Por isso encarei o desafio e fiz o possível para transformar os ensinamentos que estava tirando nas aulas de jornalismo em caminhos para aplicar nas estratégias e conceitos que desenvolvia como redatora em uma das agências mais tradicionais de Uberaba.

O começo foi tênue. Estava vislumbrada com o ambiente, as possibilidades e até mesmo, com o fato de trabalhar com profissionais de alto potencial. Isso talvez tenha limitado minha visão. Não enxerguei o todo como deveria. Estava vendo somente o que queria: um conto de fadas em que eu era a Wendy – contadora de histórias, o diretor de criação – Peter Pan e a tráfego de informações – Sininho.

E como todo conto de fadas, este teve um final. Não como os famosos “felizes para sempre”. O desfecho teve um tom prático. Fui dispensada. Mas não entendia porque. Todos podiam apontar os motivos que eu não conseguia enxergar. Postura. Já não vestia mais a camisa da empresa. Talvez não combinasse mais com meu estilo ou não ficasse bem com o plano de carreira que eu tinha desenhado.

Os traços que notava em comportamento eram intolerância, insatisfação e falta de aderência. Assim como a incredulidade ao pensar que isso tenha sido o meu cartão de saída. Foi uma pena. Aprendi a ter uma postura profissional coerente e a controlar minhas emoções de maneira inteligente da pior maneira, com meus erros. Antes tivesse aprendido vendo os erros dos outros. Mas não tinha nada que se assemelhasse. Eu era inédita. Aliás minha atitude foi inédita e inconveniente. Parecia uma Che Guevara de saia pronta para estourar uma revolução com os companheiros e depor os gestores.

Fazer o quê? Ces’t la vie. Um teatro. Está aí. Teatro foi um nome que a vida não recebeu na devida acepção da palavra. Mas bem que poderia ter recebido. Já que é nela que o homem provido de fantasias, marcação de cenário, roteiro e de máscaras, apresenta cotidianamente o seu espetáculo. A preposição foi abordada por Erving Goffman no livro: ” A representação do eu na vida cotidiana”, lançado na Inglaterra, em 1959 e traduzido para português em 1985, pela editora Vozes.

Por ironia do destino, já havia lido Goffman e colado grau. Mas não teve jeito. O melhor a fazer era terminar o conto, pegar a caixinha, colocar minhas coisas, lembranças e lições não aprendidas no banco da faculdade e, hoje, sei que são tão ou mais valiosas porque sustentam os meus propósitos e valores profissionais, em busca de novos desafios.

Estas são as cicatrizes. Abro-as com a intenção de constituir o “ser errante” a servir de exemplo. Dói? Sim. Cicatrizes abertas sempre doem. Mas hoje, ao compartilhar estes aprendizados, estou costurando-as para que sumam com o tempo. Sempre somem. É a lei da vida. O tempo toma conta e com ele vem a sabedoria pelo reconhecimento dos nossos erros. Corrigir, evoluir e enfim, conquistar tudo aquilo que desejamos.

[Texto escrito em 06/2010 para Waleska Farias - Carreira e imagem: www.waleskafarias.com

A falta pede presença


À Daniela Daia, Juliana Laterza e Gustavo Pires 

Sinto falta do tempo que falta entre nós 
Falta para dar tempo de sentirem minha falta 
Mas a necessidade que sinto por vocês é tamanha 
Que não dou tempo pra faltas 
Nem mesmo para aquelas que precisam de um tempo 
Quando faltam palavras na boca
Deixando o monólogo carente 
Ainda mais necessitado de uma resposta,
De um suspiro quase urrado,
De um aceno sustenido, 
De um olhar que decifre a falta que me fazem 
Quando mergulho em meu silêncio 

Escolho a introspecção 
Por falta de ousadia 
Em dizer que sinto falta de 
De pedir os ouvidos e a atenção 
Da pequena que há pouco me era uma estranha, 
Mas agora me cativa com sua sinceridade e simpatia 

Falta sensibilidade para correr e ganhar os braços
Daquele que há um tempo atrás era quem 
Buscava os nossos braços 
Para nos abraçar apertado, 
Com a mesma verdade e afeto 
Que carregamos no peito 

Falta coragem para dizer que sinto 
Falta do tempo que passava o tempo acariciando as mãos, 
Contava os arcos metálicos que adornava os braços, 
Brincava com o short black hair 
Daquela amiga que hoje supre a falta que uma irmã mais velha me faz 

Abraços no silêncio triste, 
Um sorriso sincero no desespero, 
Um olhar doce na perda

A falta já não me falta tanto 
Agora que me sobraram 
Palavras, afeto e atitude 
Pra assumir cada uma das faltas vocês que me fazem 
Cada uma das vezes que sinto que falta espaço no peito 
Pra tanto bem querer.

[Ju Talala]

Livro de cabeceira dos redatores

Um referencial que representa extrema relevância para redatores, criativos e estudantes de publicidade e propaganda é Redação Publicitária – Estudos sobre a retórica de consumo, de João Anzanello Carrascoza. O livro é um conjunto de 8 ensaios que analisam a prática da Redação Publicitária.

 “Nem só as aparências enganam. A própria realidade, por vezes, é melhor, muito melhor, para enganar. Tampouco se pode negar que, para um enorme contingente de indivíduos, as aparências há muito valem pela realidade. Todos os dias, no território dominado pelo consumo, do real aparente e do aparentemente real, vamos encontrar intelectuais lançando farpas contra a propaganda, acusando de arte da falácia.“ CARRASCOZA, 2003, p. 145.

Carrascoza apresenta, sob uma nova ótica, os diversos elementos persuasivos da retórica de consumo apontando semelhanças da prática com outras formas de expressão, como poesia, haikai e discurso espiritual, ressalta a importância do método da associação de idéias para a elaboração um texto enunciativo. 

“ Associação de idéias consiste numa forma de raciocínio em que uma idéia é ligada, mesclada, ou amalgamada, à outra. Para Aristóteles, as idéias podiam ser associadas por semelhança, contraste e contiguidade.“ . CARRASCOZA, 2003, P.15.

Na publicidade um termo só tem valor porque está em encadeamento, alinhado a uma cadeia de idéias, que justificam seu conceito, objetivo e disposição. E quando nos recorremos à associação de palavras é importante denotar que são chamadas de relações paradigmáticas, cuja sede está instalada no cérebro. A transposição das palavras da estação mental para o plano do discurso constitui um método construtivo que entre os profissionais da área costuma se chamado de “ Palavra-puxa-palavra”, muito utilizado por escritores, músicos e poetas, como Carlos Drummond de Andrade. 

Carrascoza apresenta um método de análise textual para textos e peças publicitárias composto pelo discurso deliberativo de Aristóteles. A organização da análise é composta pelas seguintes ferramentas: Exórdio: É a introdução, quando se anuncia o assunto que será abordado, visando captar o interesse do interlocutor; Narração: Apresentação dos fatos, descrição das particularidades do produto, personagem ou conceito; Provas: São associadas aos fatos e compõem a defesa do mesmo. Contudo, também aconselha para uma conduta futura, que claro, envolva o uso do produto ou conceito ali apresentado; Peroração: É representada da conversão das três primeiras etapas. 

Ou seja, busca predispor o interlocutor a favor do anúncio; amplia e atenta para o que foi dito; exalta a paixão ou desejos do interlocutor e reformula o julgamento. Estas ferramentas fornecem subsídios pra organizar as ideias, técnicas e objetivos que busca atingir com o texto, seja conquistar, envolver, vender ou persuadir.

As aventuras de uma redatora em busca de desafios


Escrevi esse texto há exatos 2 anos - quando mudei para São Paulo. De lá para cá muita coisa mudou. Troquei de emprego duas vezes. O primeiro porque resolvi atravessar o caminho de um redator sênior neurótico e egocêntrico. O segundo, não tive escolha, foi pelas dificuldades financeiras que a agência enfrentava - anexas - à bipolaridade e à má educação do meu ex-chefe. 

Morei com amigos - que hoje se espalharam pela ordem natural [que em SP implica em: morar perto do trabalho ou voltar às raízes]. Passamos muitas coisas juntos. Confesso - foi uma das experiências mais enriquecedoras da minha vida. Cresci - como jamais havia crescido. Apareci. Mostrei meus objetivos, minha personalidade e - claro - pontos de vista. 

Hoje, moro sozinha. Mas nem por isso vivo num monólogo. Dou voz às Julianas que moram dentro de mim. Conversamos por horas a fio. Me apaixonei por cada uma delas - mesmo imperfeitas, teimosas e - às vezes - rancorosas. Pois também são maravilhosas. Cheias de sonhos, poesias e cifras. Em breve escreverei o capítulo II dessa saga - que agora introduzi aqui para vocês. Boa leitura ;) 

Capítulo I
Este artigo é sobre mim, meu salto profissional em Sampa e minha aventura pessoal ao trocar o marasmo de uma vida mineira e o aconchego da rotina de uma família simples por um abraço no novo. Não aquele em que começamos do zero e tudo bem. Mas sim, aquele em que podemos apalpar antes mesmo de perceber que é novo. 

Isso mesmo. Fui abraçar uma vida nova com Daniela Daia, Gustavo Pires e Juliana Laterza, amigos, companheiros de mercado e futuros famosos, cada um com seu talento. Eu – jornalista, redatora, blogger e social media, pretendo me tornar uma grande redatora, escritora infantil e uma colunista à nível de Eliane Brum. Dani sonha em ser pop star e tem voz, carisma e talento para isso. A Ju é, sem dúvida, uma grande profissional de design, e como qualquer um de nós, sonha em ser ainda maior e deixar sua marca doce e consistente por onde passar. E Gu? Aaah! Esse dispensa comentários. Sonha em ser cineasta, mas tenho certeza que tudo que se propor a fazer será grande porque já nasceu criativo. 

Acho bom avisar, vai que…você tem uma reunião importantíssima, um job pra finalizar, um arquivo pra mandar com urgência para a gráfica e perde os próximos 10 minutos descobrindo as frustrações medos e conquistas que venho cultivando durante estes 36 dias que estou morando e trabalhando no centro da criatividade brasileira. Terra de culturas mil, de oportunidades infindáveis e de contrastes nus e crus. Mais nus que crus, levando em consideração a pouca roupa dos personagens que vagam pelas vias da metrópole como nômades em busca de respostas. Mas o que se ouve é só silêncio. A sociedade fica muda, prefere fingir, ignorar, achar que eles são apenas artigos feios, sujos e assimétricos à realidade. O porquê eu ainda não descobri. Talvez daqui 1 ano possa entender melhor de onde vem a virtude ou a conveniência de enxergar apenas aquilo que é belo e promissor aos olhos.

É tudo tão frenético que nem mesmo há tempo para nostalgias, apegos ou dramas causados por perguntas e inseguranças fúteis. Aliás, toda insegurança é fútil já que limita nossa mente a acreditar que você ou algo é menor, menos interessante ou não irá alcançar os prazos estipulados por sistemas de organização que buscam a praticidade, mas no fim deixam tudo mais burrocrático. 

Acordo às 6:45 da manhã com o beep-beep do meu celular. Olho pela janela e vejo o elevado para conferir o tempo. Se assistiu Cegueira irá se lembrar dele… Continuando…me arrumo, como sucrilhos e fico vigiando o relógio para não abusar do tempo que sobra. Em 15 minutos saio com a Juliana Laterza para pegar o primeiro ônibus do dia. Isso mesmo, com a Ju Laterza. Moramos e trabalhamos juntas. Coisas da vida. Mas isso é assunto pra outra crônica. 

E lá vamos nós, no Butantã – USP semi-lotado. Semi porque sento na frente. Quando não tem idosos, portadores de deficiência, ou gravidas, é lógico. Afinal, aqui o povo leva a sério o atendimento e direitos preferenciais. E quem se atreve a desafiar sempre leva vaia e ouve indiretas super diretas do tipo: – esse lugar é mais meu que seu, você sabia? Chegamos na R. Cardeal Arco Verde e ali esperamos 10 minutos pelo Berrini. Ele nos deixa praticamente na porta do nosso trabalho, que fica na Av. Faria Lima, o financial center de São Paulo. E mesmo com o termômetro marcando trinta e cinco graus, vemos homens lindos de morrer vestidos elegantemente com terno e gravata e mulheres de saia e meia-calça preta fio 40 andando para lá e para cá como se tivessem saido de um blockbuster americano. 

Às 9h estamos no trabalho. Ligo o Mac que odiava usar na faculdade por considerar a plataforma confusa. Se o Andreozzi ler esse texto vai pensar: Eu avisei! – sobre o uso de mac’s em agências de sampa. Redatora e social media metida a tráfego de informações. Mas antes que isso vire trend topics nas rodas de blá blá blá de amigos e familiares em Zebu city, saiba que é apenas um sistema de organização e que eu continuo produzindo conteúdo. Meio-dia o estômago avisa: – É hora de comer. A equipe criativa almoça unida em restaurantes próximos à agência. É mais prático para os abençoados pés que nos sustentam o dia inteiro e claro, o nosso bolso. Barriga cheia, pé na areia. Não é assim que dizem? 

Trabalho até às 19h – Hora do rush. E por isso, chego em casa apenas 1 hora e meia depois. No caminho vou ouvindo a Ju ou Jammie Cullum, Laura Pausini, Camille e Yann Tiersen. Assim passa mais rápido. Nem percebo que a noite já está negra e a luna blue. É quando os nômades ficam mais aflitos e nós mais afoitos. Eles por comida, bebida, drogas, descanso e nós também. A única diferença é que temos dinheiro para custear tudo isso, óbvio. E a história se repete até quinta-feira. Porque na sexta-feira temos um plus – encerramos o expediente às 18h. Mas é evidente que todos os dias acontece algo inusitado que me faz ter ainda mais certeza que fiz a escolha certa vindo pra Sampa, arriscando apenas colecionar frustrações. Algumas mais fáceis de esquecer, outras nem tanto. As nem tanto vocês sabem…sempre envolvem coração ou carreira. Mas…Ces’t la vie. Vivendo, levando tombo, levantando….aprendendo e fazendo a diferença para si e para quem acredita na sua história, que é o que importa.

21 gramas de alma

Pego as tristezas, 
As cicatrizes, 
Os apegos, 
Os desencontros, 
Os sonhos fugazes, 
Subtraio com álgebras sintomáticas, 
Números de uma história incompreendida. 

Equações complexas 
Reduziram o peso da minha alma 
Que ganhou algarismos, 
Sinais sintáticos, 
Resultados positivos, 

As palavras antes atravessadas na balança 
Agora pesam com precisão 
O que pode ser mágoa, 
O que pode ser futilidade,
De um coração desesperado 
Para medir, 
Tocar,
Envolver 
Com carinho, 
Com cuidado quase abstrato 
Tudo que considera imensurável 
E dá sentido, tom e forma 
A cada centímetro da geografia de meu destino.

[Ju Talala]

Ciao, pípol!


Há tempos cultivo o desejo de voltar a blogar - e assim - compartilhar todas as referências bacanas que leio, ouço, encontro na web ou que recebo de amigos. E também, para exercitar o lado poético que vivia inerte e até mesmo meio tristonho pra criar - colocar para fora laudas inteiras que escrevo dentro de mim - em linhas, estrofes cifradas, rimadas, sobrepostas de sentimentos e expectativas - dessa vida louca que venho levando na selva de pedra.

Volto com ansiedade literária. Afinal, o único blog que vinha alimentando tem perfil de portfólio. Ou seja - ele expõe parte dos textos, colunas, peças, vt's que fiz/participei ao trabalhar em 2 das maiores agências de publicidade e propaganda de Uberaba, Minas Gerais - minha terrinha. Foi lá que nasci, cresci e virei a casaca ao migrar do jornalismo para a redação publicitária - mas essa é uma história para um outro post. Agora quero fazer o caminho inverso. ;)

Não prometo a vocês textos sensacionais. Rsrsrs. Seria pura pretensão e - em partes - ignorância. Apenas escreverei para me esvaziar e partilhar Tutto que - de alguma forma - dá cor, brilho, ritmo e serenidade à minha rotina. 
Benvenuti \o/