quarta-feira, 13 de março de 2013

E agora, Babi?


E agora, Babi? 
O sorteio causou, 
O download miou, 
O carregador sumiu, 
O miojo esfriou, 
E agora, Babi? 
E agora, Babi? 
Você que é feliz por nada, 
Que ajuda os outros, 
Você que cria posts, que curte, que compartilha sem dó? 
E agora, Babi? 

Está sem tlezentos tlinta, 
Está sem Naldo da depressão,
Está sem Juuudith,
Está sem meninas super poderosas, 
Já não pode mascar durex, 
Já não pode comer coraçãozinho no tiozinho, 
Passar raiva com o Thi já não pode, 
O patinador não veio, 
O seu buzão não veio, 
O riso não veio, 
Não veio a bicharada, 
E o chocolate faltou, 
E agora, Babi? 

E agora, Babi? 
Sua generosidade, 
Seu instante de euforia, 
Sua gula e jejum,
Sua simpatia,
Sua pró-atividade,
E agora? 

Com o celular na mão 
Quer tirar foto, 
Não existe despedida; 
Mas o filtro não abriu 
O instaglan está estlagado; 
Babi, e agora? 

Se você risse, 
Se você aloprasse, 
Se você cantasse, 
Se você estressasse, 
Se você desse reply, 
Se você sumisse... 
Mas você não some, 
Você é phoda, Babi!

segunda-feira, 11 de março de 2013

A HORA DA ACEITAÇÃO

Eu aceito. Simplesmente aceito, porque já cansei de insistir. Chega uma hora em que a alma cansa e o coração padece. Perde forças diante da teimosia, da persistência, do jogo vencido e do tempo perdido com insistências vãs. Mas reconheço - houveram algumas que valeram a pena e outras que de nada valeram. São apenas dores que não consigo curar.

Eu aceito que tenho uma tendência melancólica. Esse texto é um bom exemplo. Hoje eu preciso me esvaziar de algumas percepções e aproveitar a oportunidade de ter tantos olhos me lendo, me ouvindo, lembrando-se de mim ao passearem por minhas palavras. Muitos vão pensar que esse meu esvaziar é excesso. Pode até ser – aos olhos de quem não sabe o poder que as palavras têm; a terapia que é tirá-las de dentro e jogá-las para fora, ao vento.

Eu aceito que tenho um grande defeito. Que não se apaga com o tempo, com o crescer, com o saber, mas com o lamento. O defeito é a mágoa. E com ela, eu assumo – tenho apego. Às vezes, um apego de um dia, mas na maioria – é para a vida toda. E ao perceber essa falha incorrigível eu tento diminuir o meu próprio julgamento com um mantra, um clichê: “eu perdoo, mas não esqueço”. Quem sabe daqui há 30 anos – isso seja diferente?! Porque diferente eu vou estar – ao menos assim espero, torço e rezo.

Eu aceito que já fui uma indomável sonhadora. Enxergava a vida como Peter Pan. Em cada esquina via um artista, um jornalista e escritor que eu admirava. Mas eu tenho astigmatismo – e na maioria das vezes em que via, não via, estava sem os óculos - projetando meu desejo, minha imaginação. A culpa é dela, da realidade, mais nua – do que crua. Ela me mostrou que é melhor não criar expectativas - elas podem machucar o coração de um jeito bem cruel. Espero um dia voltar a ver o mundo com o mesmo encanto de antes. Eu me divertia.

Eu aceito que tenho uma triste sina, a de forever alone. Para começar nasci no dia 25 de dezembro. As pessoas, até mesmo meus amigos mais queridos, se esquecem de ligar para dar os Parabéns. Nunca tive uma festa de aniversário – só minha. O meu bolo sempre foi partilhado com Jesus, ali na hora da ceia. E uma vez que tentei fazer uma - reservei uma mesa para 30 pessoas no dia 28, para não competir com Jesus, mas não adiantou, não apareceu ninguém. Chorei o dia inteiro – um trauma.

Eu aceito que fui obrigada a aceitar muita coisa. E por isso, aceito ter uma dose desconfiança, intolerância e desapego. Já tenho quase 30 e não vou aceitar mais ser feita de boba, ser passada para trás – principalmente – na esfera profissional. Já tenho quase 30, aceito a responsabilidade que a idade traz, não o seu peso.

Eu aceito tudo isso, mas reconheço que amanhã posso acordar diferente e não dar a mínima para isso tudo. Colocar uma música da Norah Jones para começar o dia serena. Pensar no cineminha do fim de semana. Sentir alívio por estar tudo ok com os meus pais. Alegrar-me pelo meu trabalho estar indo bem.

Eu aceito toda essa reflexão como uma auto-análise. Um recado da razão para o coração – e vice e versa. Aqui os remetentes se confundem, se completam e evoluem juntos com a mensagem e o apreço pela vida.

terça-feira, 5 de março de 2013

A minha vida me faz perder o sono

As horas vivem com pressa e eu [simplesmente] acompanho. Não consigo mais desacelerar o compasso, o embalo, a toada, o ritmo, o passo ligeiro dos meus pés. Não consigo embalar o sono, o meu sono nas horas mortas do dia - em que o meu corpo precisa de noites para descansar o peso que a alma leva consigo.

Olheiras batem na porta do meu olhar. Pedem para morar comigo. Não tenho escolha. Chegam sempre sem avisar, vestidas de 50 tons de cinza, roxo, preto. Tons do velório do meu sono. Nem mesmo o corretivo e a base conseguem disfarçar os tons e o endereço que elas escolheram velar.

A minha vida me faz perder o sono duas a três vezes na noite. E não há nada que me faça desistir de voltar para o aconchego da minha cama. Mesmo depois de distrair os pensamentos insistentes com um copo d’água, um pulo no banheiro, um assalto à geladeira e uma olhada nas últimas atualizações do facebook. Eu insisto, sempre. 

É uma batalha diária. Reconheço. Mas vale a pena. Vale muito a pena cada fração de segundo ou hora inteira - de olhos fechados, de mente vazia, de coração isento de responsabilidades, julgamentos e do exercício do sentimento – ao passo de cada momento. 

A minha vida me faz perder o sono sempre. E insone me faz entender o que é evidente. Não se conquista soluções com insônia. As contas só serão alívio quando forem pagas. As metas, planos e sonhos vão se realizar, sim, mas quando trocar o lamento e as noites em claro por planejamento. 

Diagnósticos? Dispenso. Afinal, nenhuma mandinga, simpatia ou reza braba para proteger o corpo dos males – será eficiente - se a mente não estiver em paz. Não é preciso ser um especialista para chegar a essa conclusão. 

Entonces...Para mudar o título dessa crônica, o tom das molduras dos olhos, o roteiro das horas perdidas e a rotina atrasada do meu sono – devo rezar, proteger-me com pensamentos positivos, deitar a cabeça no travesseiro [somente] com a consciência limpa e me perder em boas lembranças até o sono chegar de mansinho - para tirar o peso do coração e dar para as pálpebras, para que elas se fechem, se entreguem ao descanso.

sábado, 2 de março de 2013

Caderninho de anotações

Neste sábado, 02 de março, eu ganhei um presente especial. Quem me presenteou não sabe quão especial ele me foi. Talvez, eu não tenha demonstrado isso. Tenho essa limitação. Eu reconheço. Às vezes, me sinto meio esfinge. Fico feliz, me vejo sorrir, mas nunca consigo expor todo o encanto que senti – pelo carinho, pela inciativa e pela lembrança. 

Ganhei um caderninho de anotações [vulgo Moleskine]. Daqueles que sempre quis ter, desde que me entendo por gente, gente que ama as palavras. Daqueles que via grandes jornalistas, jornalistas que eu admirava, fazerem suas preciosas anotações, terem seus ensaios criativos, poéticos, revolucionários. 

Não sei bem porque nunca comprei um, dois ou três – logo de uma vez. Afinal, eles sempre despertam minha atenção na livraria. Cores vibrantes, capas bonitas, com palavras, com fotos de grandes artistas, como Audrey Hepburn. Com pauta para organizar os pensamentos. Sem pauta para não limitá-los. Uma parada obrigatória admirá-los quando vou lá comprar um livro, um cd, um dvd ou só vou buscar uma dose de fantasia. 

Ao chegar em casa - eu o tirei da bolsa, o admirei e não resisti. Peguei uma caneta e escrevi: “As palavras sempre falaram por mim”. Uma confissão que assinei com o desenho de uma rosa, como a rosa do Pequeno Príncipe. Pronto! Apresentei-me e confiei a ele a versão subjetiva do meu coração. 

Daqui pra frente, mais que o caderninho que sempre sonhei, uma extensão da minha voz, da minha paz. Daqui pra frente, não vou perder insights por preguiça de pegar um caderno e anotar ou ligar o note e deixar salvo para depois. Daqui pra frente, palavras justapostas que inspirarão novas poesias, crônicas, histórias para compartilhar.

Agradeço ao meu querido amigo - Fernando Guarniéri. O presente me inspirou e amenizou a falta que sinto da minha escrivaninha xerife. Aquela, que antes de ser minha, foi sua. E que agora está na casa dos meus pais. Sempre que vou visitá-los - eu a fito com saudade e me vejo. Vejo quem eu fui, quem eu sou e quem estou perto de me tornar.