Eu escrevo para me esvaziar de mim. Mas há tempos não faço essa limpeza em minhas gavetas internas. As mágoas, as decepções, os vazios, os silêncios e as reflexões já me tomaram por inteiro. Não há mais espaço para novas brigas, palavras mortas ou ofensas. E o que é a vida sem elas? Um grande nada. Um livro sem dor, mas também - sem aprendizado.
Preciso desocupar cada canto para que eu possa lotá-las, novamente. E espero – que dessa vez – sejam APENAS experiências inéditas e únicas. Sinto certa frustração ao perceber que certas brigas se repetiram tanto que se tornaram clichês, assim como o perdão. Que algumas despedidas não deveriam doer tanto. Afinal, são as mesmas de ontem e de anteontem. Talvez seja o tempo agindo – silencioso e sereno - a cada girar dos ponteiros, apressados.
Sinto-me esvaziar a cada palavra que coloco aqui, nesse desabafo sincero para quem – agora – doa parte do tempo para ver o que há em minhas gavetas. Já não há muita coisa. Estou pronta para outras convenções da vida, para quinas que me exigirão [muita] paciência, para rachaduras que não se consertarão, nem com todo meu esforço e esmero. Vale insistir? Não sei. Isso apenas os dias dirão.
Fugi da redoma por acreditar que assim estava limitando o meu mundo, meu ‘crescer’. Estava certa. Se ainda estivesse lá, protegida e distante, eu me resguardaria de muitas dores de existir. Não levaria tantos nãos, não teria que lidar com indiferença. E...não evoluiria. Por isso - prefiro ficar aqui, do lado de fora. É aqui que aprendo a virar páginas, quando necessário; a marcar as que me são favoritas – por admiração e afeto; a insistir com aquelas que parecem merecedoras de grifo; e principalmente – ser página virada.
Agora me sinto melhor ao ver que sobra espaço e ansiedade, que esse exorcismo vale mais que 1 sessão com um terapeuta carrancudo, que tudo possui uma simplicidade intrínseca – basta apenas parar para olhar, para admirar o contexto – fora dele.
As gavetas estão abertas à espera do novo. Não daquele que deleta com um carinho, mas que me faça entender com um tapa, um choro - o que de fato – essa complexa rede chamada vida me reserva a cada novo pulsar.
Agora me sinto melhor ao ver que sobra espaço e ansiedade, que esse exorcismo vale mais que 1 sessão com um terapeuta carrancudo, que tudo possui uma simplicidade intrínseca – basta apenas parar para olhar, para admirar o contexto – fora dele.
As gavetas estão abertas à espera do novo. Não daquele que deleta com um carinho, mas que me faça entender com um tapa, um choro - o que de fato – essa complexa rede chamada vida me reserva a cada novo pulsar.
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