quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Quase 30

No dia 25 de dezembro eu completo mais um ano. O vigésimo nono de uma nada mole vida. Quase 30, eu penso. Reflito. Deprimo. Choro. Mas, me safo de um mar de porquês inventando uma desculpa qualquer - do tipo: “Foi um cisco”, “O filme é muito triste”, “Estou na tpm”. E se insistem... Só me resta justificar o vermelho amargo dos meus olhos com suspiro e uma frase de efeito: “Cest La vie”. La mia vita. Que poderia ser um pouco mais dolce comigo e com as metas que fixei na parede com post-it’s para enfeitar a kit e preencher cada centímetro da minha alma.

Quase 30, eu lamento. Afinal, ainda tenho muito para viver. Tenho um livro para escrever. Um filho para ter. Uma Itália para conhecer. Uma carreira para estabilizar. Um prêmio Jabuti para ganhar. Alguns amigos para amar, outros para reconhecer. Uma família para curtir. Músicas para descobrir. Um encanto para criar.

Quase 30. Um mantra toca na minha cabeça em looping e revela o peso dessa idade, que aos meus olhos ganha a cor de um ultimato. Não sou jovem, nem sou velha e ainda tenho muito que fazer. Ainda não estou onde deveria estar. Não conquistei nem mesmo 1/3 de tudo que desejo.

Quase 30. Uma visita cruel do tempo. Deixo-me intimidar com os ponteiros apressados, com as rugas nas quinas dos meus olhos e com o cansaço que chega para me derrubar antes mesmo de alcançar o alto da escada, da ladeira e do céu, evitando que eu segure as estrelas. Mas não perco a fé, a alegria, muito menos a serenidade, que vem sempre para proteger minha mente de um insano descompasso.

Quase 30. Um balanço que pede urgência na soma de conquistas, na divisão de metas e na subtração de mágoas e tristezas. Pede que eu reconsidere o 8 ou 80. Mas eu deixo essa questão para depois. Tenho pressa. Atropelo o sono. Sinto sede de palavras, de feedbacks, de boas notícias e de bem-querer. Mas o atendimento preferencial é dado à sede de esquecimento.

Quase 30. Um destino certo para a geografia do meu caminho. Dizem que não é bom fazer escala. Um ano passa rápido. O melhor a fazer é me exercer com intensa verdade.

Quase 30. E daí? A sede de esquecimento é morta para dizer que isso é só na teoria. Na prática eu tenho 25. Na balada menos de 18. Preciso sempre levar a identidade a tira colo. Não me incomodo. Isso serve para massagear o ego.

Opa! Deveria me lembrar disso com mais frequência, de preferência, quando o peso dessa idade lota minha noite e me deixa insone. O pavor é inevitável, não nego. O que posso fazer é aceitar e correr atrás para tirar o atraso das metas e realizações antes que 2013 finde. Bom, isso se o mundo não acabar antes. ;)

4 comentários:

Cecilia Nery disse...

És muito jovem ainda, tem um vida toda pela frente. Quem dera eu ter quase 30... Mas ainda assim sonho, planejo, busco, tento. O que vale ana vida é a genhte ir atrás daquilo que quer.
Se na verdade não alcançamos, talvez não nos fosse necessário, as tenha a certeza de que aquilo de que precisa Deus sempre colocará em seu caminhgo. Siga em frente, a vida vai lhe proporcionar ainda muitas, mas muitas coisas boas. Potencial para isso você tem - e vontade. Acrescento ainda "A mulher de 30 anos" no seu currículo e seja bem-vinda ao time das "balzaquianas". Beijos.

Rodrigo Bonissato disse...

Parabéns Jú. Adoreiiiii!!!

gil disse...

Ju, vc conseguirá realizar tudo! cada coisa no seu devido tempo!
um texto pra refletir, afinal, independente da idade, todo mundo tem suas crises, ansiedades, frustrações...

adorei, como sempre!

beijo!!

Gustavo disse...

No meu caso, to cantando "Amanhã é 23 hUAHAau"

Postar um comentário