terça-feira, 5 de março de 2013

A minha vida me faz perder o sono

As horas vivem com pressa e eu [simplesmente] acompanho. Não consigo mais desacelerar o compasso, o embalo, a toada, o ritmo, o passo ligeiro dos meus pés. Não consigo embalar o sono, o meu sono nas horas mortas do dia - em que o meu corpo precisa de noites para descansar o peso que a alma leva consigo.

Olheiras batem na porta do meu olhar. Pedem para morar comigo. Não tenho escolha. Chegam sempre sem avisar, vestidas de 50 tons de cinza, roxo, preto. Tons do velório do meu sono. Nem mesmo o corretivo e a base conseguem disfarçar os tons e o endereço que elas escolheram velar.

A minha vida me faz perder o sono duas a três vezes na noite. E não há nada que me faça desistir de voltar para o aconchego da minha cama. Mesmo depois de distrair os pensamentos insistentes com um copo d’água, um pulo no banheiro, um assalto à geladeira e uma olhada nas últimas atualizações do facebook. Eu insisto, sempre. 

É uma batalha diária. Reconheço. Mas vale a pena. Vale muito a pena cada fração de segundo ou hora inteira - de olhos fechados, de mente vazia, de coração isento de responsabilidades, julgamentos e do exercício do sentimento – ao passo de cada momento. 

A minha vida me faz perder o sono sempre. E insone me faz entender o que é evidente. Não se conquista soluções com insônia. As contas só serão alívio quando forem pagas. As metas, planos e sonhos vão se realizar, sim, mas quando trocar o lamento e as noites em claro por planejamento. 

Diagnósticos? Dispenso. Afinal, nenhuma mandinga, simpatia ou reza braba para proteger o corpo dos males – será eficiente - se a mente não estiver em paz. Não é preciso ser um especialista para chegar a essa conclusão. 

Entonces...Para mudar o título dessa crônica, o tom das molduras dos olhos, o roteiro das horas perdidas e a rotina atrasada do meu sono – devo rezar, proteger-me com pensamentos positivos, deitar a cabeça no travesseiro [somente] com a consciência limpa e me perder em boas lembranças até o sono chegar de mansinho - para tirar o peso do coração e dar para as pálpebras, para que elas se fechem, se entreguem ao descanso.

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