segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

A hora e a vez do desapego

2013 é o ano que escolhi para, enfim, exercitar o desapego. Há 5 anos venho fazendo essa promessa, bem ali, nos últimos 60 segundos em que o ano velho se despede, com melancolia. Mas nada. Nada de cumprir. Nada de conseguir levar adiante, durante os 365 dias. Nada de resolver esse duro exercício de evolução abstrata. Sim, abstrata. Os apegos que colocam meu coração em um descompasso não são livros. Não são cd’s, dvd’s. Não são recortes de jornal. Não são imãs de geladeira. Nem revistas. Não são palpáveis. 

É o avesso. É a antítese que me prende à introspeção contínua. São escombros deixados por palavras lançadas como misseis, sob o efeito corajoso de um aditivo. São escombros de velhas crenças. São escombros de sonhos que imploram por uma reforma. São ausências. São atitudes efusivas. É o alicerce de uma angústia muda. Que cala e não consente.

Todos esses apegos complexos, doídos, velhos e ressentidos precisam de uma faxina. Mas, como não vou conseguir me livrar de todos até 31 de dezembro – criei gavetas. Nelas, esqueci algumas mágoas. Que me provocam medo, desconfiança e revival. Que me endurecem. Que me travam a sinceridade. Que me deixam com um pé atrás – mesmo com pessoas queridas.

Tranquei todas as gavetas e levo a chave tatuada no braço direito: Ascolta il tuo cuore (Escute o seu coração). Uma mensagem simples que pode parecer piegas - mas não, não é. Um post-it fixo que lembrará o que devo fazer, que caminho seguir, que palavras dizer e que sorrisos conceder. Um tratado de verdade. Um roteiro transparente. 

Estou mais leve, agora que deixei parte do peso que impedia minha redenção em gavetas empoeiradas. Daqui pra frente, mais leve, mais doce e menos apegada.

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