quinta-feira, 20 de setembro de 2012

É nisso que dá competir com o Deus da criação

É. Como diz Adilson Xavier em seu livro “ O Deus da Criação“, não dá pra competir com Jesus. Um sujeito que usou apenas a sua oratória como ferramenta para prospectar a fé de milhões e milhões pessoas e que juntou uma reta horizontal a uma reta vertical e formou a logo de maior penetração e memorização da história da humanidade. 

Mas eu, muito teimosa, como toda capricorniana, fui aprender isso depois de um longo tempo. Em outras palavras, somente depois de comemorar vinte e tantos aniversários sozinha e de perder a atenção dos colegas de trabalho, família e amigos diante de um insight, uma idéia e uma notícia para questões de maior divindade e polêmica como a tal da reencarnação e a legitimidade da Bíblia. 

E por mais que eu tentasse manter o foco, a pauta era sempre a mesma no happy hour, na reunião de criação e no intervalo, onde as discussões se tornavam verdadeiras batalhas com direito a mediador e a defesa. E eu como sempre, vencida, mostrava indiferença sobre estas questões e saía à francesa. Em meus aniversários tudo era um pouco pior. Mas esta é uma história que começou há muitos anos atrás, bem antes mesmo de lançar a minha alma em um novo formato. 

Lá em cima, onde eu já argumentava o processo que controlava os departamentos do Reino dos Céus, a minha Sina com o Diretor de Criação da Terra começou a ser rafiada. Mas tudo o que queria mesmo era entender os porquês de certas coisas, como: a hierarquia do reino, o sexo dos anjos, a reencarnação, e é claro, os princípios e as técnicas publicitárias utilizadas por Jesus para propagar os seus ensinamentos e valores. 

Sem receber um feedback que pudesse eliminar as minhas dúvidas fui encaminhada para o departamento de shirinque, onde minha alma seria anexada a um corpo, que para meu azar nasceria em 25 de dezembro. Ou seja, durante toda minha vida N° 5, eu teria que competir a atenção de meus entes queridos, até então desconhecidos, com O Todo Poderoso. 

E assim foi, ano após ano. Chegava o Natal e a Sina me acompanhava de três formas; a sina de um único presente, a sina do esquecimento e a sina do tempo ruim. Mas para o Natal deste ano eu planejei comemorar o meu aniversário um dia depois, assim, não teria que competir diretamente com o Senhor de todos os insights

Mas me enganei. O clima do Natal ainda dominava a imaginação e as ações dos meus convidados, sem falar na chuva que não parou desde o dia 19. O que me fez pensar até mesmo em criar uma arca tipo a do Noé, mas bem estilizada com degradês e vetores. Assim, teria sentados à aquela mesa todos os meus amigos e irmãos de mercado, e ainda podia ajudar a população quando houvesse enchente, um fato de praxe em nossa cidade. Mas, isso não passava de um delírio para lá de intangível. 

Após o dia da sina veio então o dia da revolta. E debaixo de chuva convoquei uma reunião imediata com Top of the Tops. A ira era tanta que podia sentir o pulsar de meu coração nas pontas de meus dedos. E assim que senti a presença dele anunciei aos quatro ventos a minha insatisfação e o perguntei: - Porque isso tudo? Qual é o seu problema comigo? - Eu precisava de tão pouco para ficar feliz naquele dia. - O que custava você fechar a torneira do céu e dar uma pausa nesta maldito dilúvio?

Senti então que a chuva ficou mais branda e uma rajada de vento tocou a minha face. Não tive resposta ou talvez não entendi a mensagem que transmitiu pelos sinais da natureza. Então, veio a reflexão, e a lição enfim foi compreendida. 

Em 2009 vou elaborar estratégias mais específicas. Mas, depois de fazer uma pesquisa para verificar a consolidação do meu público-alvo, de avaliar os indicadores climáticos no dia da ação e as probabilidades adversas. Afinal como já vimos, é difícil concorrer com o Deus da Criação. Mas, não é impossível quando se tem em mãos um plano de ações bem formatado.

[Crônica escrita em 12/2008]

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