quarta-feira, 19 de setembro de 2012

As aventuras de uma redatora em busca de desafios


Escrevi esse texto há exatos 2 anos - quando mudei para São Paulo. De lá para cá muita coisa mudou. Troquei de emprego duas vezes. O primeiro porque resolvi atravessar o caminho de um redator sênior neurótico e egocêntrico. O segundo, não tive escolha, foi pelas dificuldades financeiras que a agência enfrentava - anexas - à bipolaridade e à má educação do meu ex-chefe. 

Morei com amigos - que hoje se espalharam pela ordem natural [que em SP implica em: morar perto do trabalho ou voltar às raízes]. Passamos muitas coisas juntos. Confesso - foi uma das experiências mais enriquecedoras da minha vida. Cresci - como jamais havia crescido. Apareci. Mostrei meus objetivos, minha personalidade e - claro - pontos de vista. 

Hoje, moro sozinha. Mas nem por isso vivo num monólogo. Dou voz às Julianas que moram dentro de mim. Conversamos por horas a fio. Me apaixonei por cada uma delas - mesmo imperfeitas, teimosas e - às vezes - rancorosas. Pois também são maravilhosas. Cheias de sonhos, poesias e cifras. Em breve escreverei o capítulo II dessa saga - que agora introduzi aqui para vocês. Boa leitura ;) 

Capítulo I
Este artigo é sobre mim, meu salto profissional em Sampa e minha aventura pessoal ao trocar o marasmo de uma vida mineira e o aconchego da rotina de uma família simples por um abraço no novo. Não aquele em que começamos do zero e tudo bem. Mas sim, aquele em que podemos apalpar antes mesmo de perceber que é novo. 

Isso mesmo. Fui abraçar uma vida nova com Daniela Daia, Gustavo Pires e Juliana Laterza, amigos, companheiros de mercado e futuros famosos, cada um com seu talento. Eu – jornalista, redatora, blogger e social media, pretendo me tornar uma grande redatora, escritora infantil e uma colunista à nível de Eliane Brum. Dani sonha em ser pop star e tem voz, carisma e talento para isso. A Ju é, sem dúvida, uma grande profissional de design, e como qualquer um de nós, sonha em ser ainda maior e deixar sua marca doce e consistente por onde passar. E Gu? Aaah! Esse dispensa comentários. Sonha em ser cineasta, mas tenho certeza que tudo que se propor a fazer será grande porque já nasceu criativo. 

Acho bom avisar, vai que…você tem uma reunião importantíssima, um job pra finalizar, um arquivo pra mandar com urgência para a gráfica e perde os próximos 10 minutos descobrindo as frustrações medos e conquistas que venho cultivando durante estes 36 dias que estou morando e trabalhando no centro da criatividade brasileira. Terra de culturas mil, de oportunidades infindáveis e de contrastes nus e crus. Mais nus que crus, levando em consideração a pouca roupa dos personagens que vagam pelas vias da metrópole como nômades em busca de respostas. Mas o que se ouve é só silêncio. A sociedade fica muda, prefere fingir, ignorar, achar que eles são apenas artigos feios, sujos e assimétricos à realidade. O porquê eu ainda não descobri. Talvez daqui 1 ano possa entender melhor de onde vem a virtude ou a conveniência de enxergar apenas aquilo que é belo e promissor aos olhos.

É tudo tão frenético que nem mesmo há tempo para nostalgias, apegos ou dramas causados por perguntas e inseguranças fúteis. Aliás, toda insegurança é fútil já que limita nossa mente a acreditar que você ou algo é menor, menos interessante ou não irá alcançar os prazos estipulados por sistemas de organização que buscam a praticidade, mas no fim deixam tudo mais burrocrático. 

Acordo às 6:45 da manhã com o beep-beep do meu celular. Olho pela janela e vejo o elevado para conferir o tempo. Se assistiu Cegueira irá se lembrar dele… Continuando…me arrumo, como sucrilhos e fico vigiando o relógio para não abusar do tempo que sobra. Em 15 minutos saio com a Juliana Laterza para pegar o primeiro ônibus do dia. Isso mesmo, com a Ju Laterza. Moramos e trabalhamos juntas. Coisas da vida. Mas isso é assunto pra outra crônica. 

E lá vamos nós, no Butantã – USP semi-lotado. Semi porque sento na frente. Quando não tem idosos, portadores de deficiência, ou gravidas, é lógico. Afinal, aqui o povo leva a sério o atendimento e direitos preferenciais. E quem se atreve a desafiar sempre leva vaia e ouve indiretas super diretas do tipo: – esse lugar é mais meu que seu, você sabia? Chegamos na R. Cardeal Arco Verde e ali esperamos 10 minutos pelo Berrini. Ele nos deixa praticamente na porta do nosso trabalho, que fica na Av. Faria Lima, o financial center de São Paulo. E mesmo com o termômetro marcando trinta e cinco graus, vemos homens lindos de morrer vestidos elegantemente com terno e gravata e mulheres de saia e meia-calça preta fio 40 andando para lá e para cá como se tivessem saido de um blockbuster americano. 

Às 9h estamos no trabalho. Ligo o Mac que odiava usar na faculdade por considerar a plataforma confusa. Se o Andreozzi ler esse texto vai pensar: Eu avisei! – sobre o uso de mac’s em agências de sampa. Redatora e social media metida a tráfego de informações. Mas antes que isso vire trend topics nas rodas de blá blá blá de amigos e familiares em Zebu city, saiba que é apenas um sistema de organização e que eu continuo produzindo conteúdo. Meio-dia o estômago avisa: – É hora de comer. A equipe criativa almoça unida em restaurantes próximos à agência. É mais prático para os abençoados pés que nos sustentam o dia inteiro e claro, o nosso bolso. Barriga cheia, pé na areia. Não é assim que dizem? 

Trabalho até às 19h – Hora do rush. E por isso, chego em casa apenas 1 hora e meia depois. No caminho vou ouvindo a Ju ou Jammie Cullum, Laura Pausini, Camille e Yann Tiersen. Assim passa mais rápido. Nem percebo que a noite já está negra e a luna blue. É quando os nômades ficam mais aflitos e nós mais afoitos. Eles por comida, bebida, drogas, descanso e nós também. A única diferença é que temos dinheiro para custear tudo isso, óbvio. E a história se repete até quinta-feira. Porque na sexta-feira temos um plus – encerramos o expediente às 18h. Mas é evidente que todos os dias acontece algo inusitado que me faz ter ainda mais certeza que fiz a escolha certa vindo pra Sampa, arriscando apenas colecionar frustrações. Algumas mais fáceis de esquecer, outras nem tanto. As nem tanto vocês sabem…sempre envolvem coração ou carreira. Mas…Ces’t la vie. Vivendo, levando tombo, levantando….aprendendo e fazendo a diferença para si e para quem acredita na sua história, que é o que importa.

2 comentários:

Cecilia Nery disse...

Legal conhecer um pouco mais de você e da sua rotina, já totalmente adaptada a selva paulistana. Gostei.
E olha, que surpresa, enquanto lia este texto percebi que você postou mais. Que fôlego. Vou ter de ler tudo com calma, mas depois. E vou comentadno. Beijos.

Juliana Talala disse...

Tenho alguns textos de gaveta. Vou selecionar os que mais gosto para postar aqui no blog. Mas já tô inspirada a escrever coisas novas - principalmente crônicas e poesias. Abraços :)

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