quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Um papo com Paschoal Fabra Neto

É interessante perceber as mudanças do mercado publicitário e com que velocidade elas se dão e transformam comportamentos, técnicas e plataformas de interação. Há 5 atrás entrevistei o publicitário Paschoal Fabra Neto - que de forma objetiva - apresentou previsões para o futuro da publicidade e propaganda. Confira a entrevista e veja se ele acertou algumas delas.




Um papo com Paschoal Fabra Neto

O publicitário Pascoal Fabra Neto, sócio da renomada agência de publicidade e propaganda Fabra Quinteiro e detentor de amplo know how em comunicação e comportamento do consumidor, bateu um papo sobre o poder da linguagem publicitária na formação dos comportamentos e sua importância como ferramenta para compreender as transformações sociais. Confira ai o resultado. 

Há muitos anos, pesquisadores de diversas áreas procuram compreender a linguagem que a publicidade aplica para conquistar, persuadir, vender, personificar e atender às necessidades e aos desejos que a sociedade desenvolve. Mas, quais seriam os verdadeiros segredos desta retórica de consumo? 
Fabra: Não existe um segredo. Existem bons produtos. Se uma empresa tem algo bacana pra oferecer para a sociedade, ela não precisa ser convencida ou persuadida. Hoje em dia a empresa precisa ser lembrada, precisa criar um laço com o consumidor, de valores, de postura, enfim, do que importa ao consumidor. Cada pessoa quer uma coisa. As empresas precisam entender que tipo de produtos as pessoas querem e que tipo de empresas elas querem. E a publicidade ser parte disso, comunicando com verdade e pertinência de maneiras interessantes pra que essa mensagem não se perder no meio das milhares de coisas a que somos expostos diariamente. 

A linguagem publicitária tem acompanhado toda a evolução da sociedade. Poderia ser ela um termômetro para medir as transformações, principalmente as de elevada relevância, a exemplo, a ascensão do sexo feminino sobre os antigos valores da sociedade? 
Fabra: É exatamente o que eu disse antes. Há alguns anos os produtos vendidos para mulheres eram ligados principalmente à beleza, à casa. Hoje podem ser carros, eletrônicos, bancos. A mulher mudou, as empresas acompanharam isso e a publicidade também. É interessante que a publicidade se antecipe e consiga detectar isso antes. Assim ela também pode ser um agente transformador dentro das empresas e não só reagir a ondas de comportamento. Hoje em dia está muito na moda falar em tendência, mas a verdade é que esse papel da agência sempre existiu. A publicidade reflete essas mudanças falando sobre temas que não falava antes como sustentabilidade, interatividade com o consumidor, enfim, ela evolui e tenta se antecipar a essas mudanças do consumidor. 

A propaganda pauta nossas conversas, a decoração de nossas casas, a qualidade do que comemos, o que vestimos, o que ouvimos e lemos. Daqui 5 anos, qual será o poder que a propaganda terá em nossas vidas? 
Fabra: Existe uma supervalorização sobre o impacto que a propaganda tem em nossas vidas. Acho que o impacto maior é na vida das empresas. Daqui a 5 anos o consumidor poderá participar mais ainda na criação de conteúdos, na escolha do que consome em termos de mídia. E ele será um agente importante da publicidade. Hoje vemos as marcas mais comentadas do Twitter, com Starbucks na primeira colocação. Isso não é programado, incentivado, é espontâneo. Mas também é resultado da construção dessa marca, da experiência que os consumidores tem com ela. Desde a marca, o ambiente das lojas, o produto, a comunicação que ela faz, os funcionários e a relação deles com o consumidor, as mídias onde ela aparece, como aparece. Tudo isso determina a relação desse consumidor com a marca. E a publicidade vai continuar tendo uma importância grande e sempre será relevante nesse processo. As empresas que enxergam isso são líderes pois enxergam todo o processo como parte da sua comunicação.

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